Entre as pouquíssimas coisas que eu tenho pra fazer atualmente estão trabalhar por 3 recebendo por 1/2, organizar minha mudança (que, na verdade, será praticamente uma mudança tripla) e planejar a festa de aniversário da Joana. É tanta coisa pra fazer que já passei do nível máximo de estresse e voltei pra fase do relaxamento. E coloquei em ação o método Angélica de resolução de problemas - fingir que não é comigo e ir empurrando com a barriga - popularmente conhecido como "à espera de um milagre"...

Joana com febre, caidinha, o corpo molinho, sem posição pra dormir, pra sentar, pra deitar, enfim, daquele jeitinho que a gente fica com febre alta. Nesses casos, nem penso duas vezes: colo e muito, muito chamego e carinho. Mas mesmo no colo ela continuava a virar pra lá, virar pra cá, mudar de posição, e nada parecia resolver. Até que, já angustiada, solta essa:

- Mamãe, esse colinho não tá servindo é pra nada!

Então isto que é envelhecer? Perceber exatamente quais foram suas escolhas erradas e, ao mesmo tempo, se dar conta de que é tarde demais pra voltar atrás.

(sabe aquela hora que tudo que a gente quer é correr pra barra da saia da mãe? daí eu me dou conta que não tenho mais barra, não tenho mais saia, não tenho mais mãe. não é possível explicar em palavras como dói)

Mãe também é gente

Joana já estava almoçando e eu fui fazer o meu prato e deixei cair no chão. Abaixei pra catar os cacos e, quando olhei pra Joana, ela estava com os olhos arregalados. "Mamãe, você derrubou o prato!"

E completou: "Mas você é adulta!!!"

Dava pra ver nos olhos dela um mundo caindo. Derrubar as coisas não era uma função exclusiva das crianças? Tive que explicar que adultos também deixam os objetos caírem, que é um acidente, não é de propósito, que às vezes acontece e que a mamãe é adulta mas não é infalível. (só omiti a parte do é adulta mas não presta atenção nas coisas, claro. Não sou infalível mas sou mãe, mereço respeito, um defeito de cada vez, por favor.)

Acho que ela entendeu, mas a cena foi mais marcante do que eu imaginava. Ela ficou tão impressionada que até hoje, semanas depois, de vez em quando volta ao assunto. "Lembra, mamãe, que você derrubou o prato? E catou o vidro no chão?"

Que é apenas o jeito dela de falar: lembra do dia que eu descobri que você é humana?

Batom Extra Volume. Promete aumentar o volume dos lábios. Não sei se é algo que se admita publicamente, mas eu levei a maior fé e comprei. Abri a embalagem já pensando jolie que se cuide. Passei e na hora minha boca começou a formigar. Não bem formigar, mas uma sensação estranha semelhante. Até então eu achava que o efeito de volume era só visual, causado pela mistura de cores do batom. Lábios mutantes não estavam nos planos. Se realmente faz efeito, não sei dizer. Tirei tudo na hora. Medinho, né? Vai que foi assim que a meg ryan começou...

Só eu sei a força de vontade que preciso ter pra não colar sozinha as figurinhas no álbum do Charlie e Lola enquanto a Joana dorme.